Opinião
Faça o pão que você gosta de comer!
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Não foi exatamente fácil manter os nossos princípios, logo de ‘cara’. Começamos vendendo nossos pães em uma delicatessen, e fazíamos um pão de fermentação natural e a nossa baguette.
Quando comecei a fazer pão em casa, buscava um produto que não estava disponível nas padarias da minha cidade. Um dos pilares da minha empresa, a Garage Bakery, é justamente só oferecer pães que gostamos de comer, e estes, feitos com processos que julgamos adequados para a produção de um bom pão, sem pressa, sem atalhos.
Não foi exatamente fácil manter os nossos princípios, logo de ‘cara’. Começamos vendendo nossos pães em uma delicatessen, e fazíamos um pão de fermentação natural e a nossa baguette. O proprietário da loja, querendo sempre agradar seus clientes, nos passava todos os feedbacks, em sua esmagadora maioria negativos, fazendo bastante pressão para que mudássemos nossos produtos: os clientes do local reclamavam que os pães eram “queimados”, a casca era dura demais, o miolo não era branquinho. Convém destacar que não vendíamos pães queimados a ponto de deixar a casca com um gosto amargo ou algo do gênero. Eram pães totalmente assados, mas que pareciam (e ainda parecem) queimados se comparados com o “pão francês” anêmico disponível nas padarias da cidade.
A julgar pelas reclamações, as pessoas estavam procurando um tipo de pão fartamente disponível nas padarias locais. No meu entendimento, não havia sentido algum em produzir um pão igual ou similar ao que já existia no mercado. Optei por continuar fazendo o pão que eu gostava de comer, mesmo que em um momento inicial isso significasse vendas menores. Com o tempo, as vendas foram crescendo; não era possível que em uma cidade com 300.000 habitantes não houvesse clientes para meu pão. Hoje em dia, as pessoas inclusive perguntam nos pontos de venda se “tem o pão cascudo e escurinho da Garage para vender”.
Não estou aqui dizendo para ignorar totalmente o feedback de clientes; tenho vários que me acompanham desde os primórdios da Garage e o retorno deles é importantíssimo, já que eles conhecem o meu histórico e conseguem apontar variações ou pontos a corrigir. São pessoas que gostam do meu pão, e é para elas que devo trabalhar, entregando um produto cada vez melhor, que seja um reflexo da minha filosofia. Pessoas que querem que eu produza algo que as padarias industriais já fazem com extrema competência e mais barato não devem perder seu tempo comigo; o produto que faço é o produto que gosto. Então, se alguém aí lendo está passando por um dilema desses, minha opinião é: faça o pão que você gosta de comer. Vai ficar tudo bem.
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